sábado, 31 de março de 2012

JANELA


Da janela que se abre,

um olhar se vai...

Curioso, esperançoso,

aprecia a paisagem,

faz uma viagem,

olha as pessoas,

imagina se todos fossem boas,

divagando continua sonhando,

ao mesmo tempo almejando,

que o raio de sol entrante

possa a alma aquecer bastante.

Num momento vê e não enxerga,

pensa e não lembra,

sorri contidamente,

chora silenciosamente,

ama o que pensa,

pensa no que ama,

e quando, enfim, a janela fecha,

a penumbra dá o tom ao ambiente,

aquele que ideou volta diferente,

sabe que terá que seguir em frente,

novas janelas se abrirão,

novos devaneios virão.

No abre e fecha da janela,

pensamos a vida,

aspirando seja ela sempre bela.


domingo, 25 de março de 2012

ÚRTIMA PROSA


- Véia, vem cá sênti aqui.

- Péra ai.

- Vem véia ! Perciso falá agora.

- Mas isso é hora?

Tá bão, quié?

-Véia, eu tavo aqui pensano.

-Quê? Fala mais arto Cipriano.

- Véia, nessa vida nóis só trabaiemo

e dos fio cuidemo,

e ficô só nóis dois.

Jerônimu virô dotô,

labuta no hospitar,

lá na capitar.

Jandira, fêssora,

não quis sabê da bassora,

- Pru módi quê ta falano isso véio?

Qui coisa isquisita !

- Leonô, num é isquisito,

ará !!, xô musquito.

Eu sempri quis ti falá,

brigadu por mi ajudá.

- Ah, bestera véio.

Fica ai que vô coá café.

- Vorta logo Leonô.

- Véio acórdi véio,

qui mania de tuda hora drumi.

Acórdi véio...

Acórdi véio...

Ai meu Deus oqui será dimim,

sem meu véio

que foi tão bão pra mim,

Meu Deus !

na mão do véio

vô pô um jasmim.


quarta-feira, 7 de março de 2012

CONTRAPARTIDA DA VIDA


Não há destino definido,

há livre arbítrio estabelecido.

Nada está reservado,

tudo deve ser plantado.

Com o mesmo esmero do bom lavrador,

escolhendo terra fértil, adubando,

usando o regador.

Nossas ações geram reações

e nas mesmas proporções.

Não se iludam que assim não é.

Pois é.

Se na aparência,

destoa a conseqüência,

na esfera divinal

certamente,

ocorrerá a equivalência.

Vivemos sob a égide Daquele

que é o mais Justo,

e, portanto,

é tão óbvio que ninguém será privilegiado,

nem  tampouco prejudicado.

Granjearemos, tão somente,

aqui ou lá,

a exata contrapartida

da nossa vida,

boa ou má.


domingo, 4 de março de 2012

ESTRADA


Estrada sem mão e contramão,

estreita, sinuosa, esburacada.

Por ti vagueia a minha existência,

segue a emoção vertida do coração,

insuspeita, afetuosa, delicada,

cheia de boa querência.

Inicia-se no marco denominado nascimento,

não deflete, pra frente remete,

até o firmamento.

Quando íngreme se apresenta

a fé me sustenta,

no trecho de descida

trilho na reduzida,

aprumo na reta

para que a viagem seja sempre correta.

Estrada,

caminho desconhecido,

com carinho sigo envaidecido.

Estrada,

as vezes empoeirada,

na verdade és minha morada.

Estrada,

não sei onde é teu marco final,

mas sei que cursar por ti

é uma dádiva celestial.

quinta-feira, 1 de março de 2012

SONHO DE BEBÊ


Embalado ao som da cantiga de ninar

dorme o bebê, sereno a sonhar.

Sonha que só vivera em harmonia,

sonha que será feliz todo dia.

Sonha com a igualdade,

sonha que imperará a fraternidade.

Sonha que será sempre puro,

sonha que não passará por apuro.

Sonha que só amado será,

sonha que só amor distribuirá.

Deixemos ele sonhar.

Seu sonho apenas é um sinalizador

do desejo do Criador.

Se o sonho dele não se realizar

a nós mesmos temos que responsabilizar,

por não sabermos conduzir

a missão que temos que cumprir.

Deixemos ele sonhar.

Quem sabe ele consiga

seus sonhos realizar,

o mundo transformar.

Tomara que a próxima geração

tenha mais noção

da sua missão.

E que, uma vez já bem crescido,

aquele que outrora era bebê,

reconheça que foi bom ter sonhado,

que foi bom ter vivido.