quinta-feira, 30 de agosto de 2012

ESTOU

Estou nos pobres, nos ricos, 

no doutores e nos andarilhos,

é assim que sigo nos vários trilhos,

mirando o bem dos meus filhos.


Estou na criança, com ingenuidade pueril,

estou no idoso de experiência senil.


Estou no homem, na mulher,

naquele que nada sabe,

naquele que saber tudo quer.


Estou no que nada deseja, estou no que muito almeja,

estou também onde você me espera,

e onde não quer que eu esteja.


Estou na saúde, estou na doença,

estou no ateu e naquele que devota fervorosa crença.


Estou naquele que respeita a diferença,

estou naquele para quem nada faz diferença.


Estou amando, chorando, sorrindo,

trabalhando, cantando, sofrendo,

dançando, descansando,

e assim a vida vou levando.


Estou no campo, estou na cidade,

estou  no deserto, estou no mar,

vendo do mundo a beleza,

até quando admiro uma montanha libanesa,

e penso: Minha alma é de lá com certeza.


Estou na alegria e na tristeza,

e em ambas de forma transitória,

pois elas apenas compõem a minha história.


Em todos os lugares estou,

para algum lugar eu vou.


E qual a razão de ser eu assim ?

Como pode alguém ousar

querer estar em todo lugar,

intentar tudo vivenciar ?


Sou criatura do Onipresente,

Que me fez à Sua semelhança,

assim, nessa minha andança,

posso eu estar onde quiser,

posso tudo sentir,

nem que seja só na minha mente,

as vezes triste,

mas sempre contente.





terça-feira, 14 de agosto de 2012

UMA JANELA, UMA FLOR E UM SONHO


  • Numa milenar aldeia libanesa,

    na montanha, bem no altão,

    ficava a modesta casa,

    que para quem a habitava,

    era melhor que uma mansão.

    Abrigava uma gente que muito peleava,

    que da janela assistia a guerra,

    mas que lá dentro vivia em paz,

    que sentia a usurpação,

    mas ainda assim partilhava o pão,

    que temia a crueldade,

    mas que mantinha a bondade.

    E assim viviam,

    o pai no pastoreio,

    a mãe no asseio,

    o único filho em um decidido devaneio,

    o de tudo largar,

    de imigrar,

    esperançoso falava aos pais:

    - Vou pra América,

    mas volto para buscá-los.

    E foi.

    Daquele dia em diante,

    a mãe a janela nunca mais fechou,

    na esperança de que o filho,

    quando retornasse,

    já de longe a avistasse,

    e sentisse,

    que em seu humilde lar,

    o sol nunca deixou de brilhar.

    Bem embaixo da janela a mãe plantou,

    um pé de flor vermelha,

    para que o filho,

    ao chegar a apanhasse,

    e com um sorriso lhe presenteasse,

    O pé cresceu,

    atingiu a altura da janela,

    ali a flor vermelha desabrochou,

    a guerra já terminou,

    o pastor se cansou,

    e o filho não voltou.


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

FOGO BRANDO


A ternura é o fogo brando que apura o amor,

um sentimento que, de tão nobre,

não se satisfaz apenas com um momento,

afigura-se como um fomento,

e até permite a emoção,

mas sempre volta serena,

tornando a relação amena,

esbanjando boa querência,

essencial para a convivência.

Controla a labareda,

para não provocar o ardor,

aquece e não queima,

mas tem, em verdade,

a exata e a melhor intensidade,

pois controla a impetuosidade,

pra que ele nunca seja dor.

Oh ternura tu és imprescindível,

pois és tu que consolidas a relação,

tornando-a indestrutível,


solidificando a união.