terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

RIBEIRÃO EMOÇÃO


Na mina chamada coração

brotam as águas da emoção,

formando o ribeirão,

pelo qual  navegam, com sofreguidão,

não só a tristeza e a saudade,

mas, sobretudo, a felicidade,

nossa maior vontade.

As pálpebras são suas primeiras cachoeiras,

as faces suas ribanceiras.

Deslizam sem barreiras,

afagando ou arranhando,

de qualquer modo,

a alma lavando,

o espírito purificando.


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

BEIRUTE


De berço fenício, muitos te desejaram,

gregos, romanos, bizantinos e otomanos.

Vaticinada, todavia, sido havia,

serias,

e sempre serás,

“Insha’Allah”,

com toda tua beleza,

a capital libanesa.


Ontem Julia Augusta, Berytus.

Hoje Beirute.

Sempre pomposa,

destacada

na Baía de São Jorge,

iluminando, em tom alaranjado,

a porta de entrada do Oriente Médio.


Quem vem pelo mediterrâneo

ao avistar-te sente tua imponência,

e de imediato por ti nutre reverência.

Quem te vê pelo céu imagina que és

parte do imenso véu,

o recanto dele chamado paraíso.


Tua pujança é magistral,

tantas vezes assolada pelo mal,

renasces e transcendes,

sempre imponente,

orgulho da tua gente.


Beirute, Beirute.

És amada até por quem nunca te viu,

e quem te viu, certamente evoluiu.


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

EM OMÍADA

Pelos átrios do bazar central

em Damasco, a capital,

eu seguia,

um turista

sem guia.

De inopino,

parecido com violino,

um cântico,

em forma de recital.

Parei.

Observei.

Lojas se fechavam,

pessoas juntas caminhavam,

o que antes era um vaivém humano,

tinha agora um só rumo,

tomei também aquele prumo.

Enfim cheguei,

uma porta estreita,

à direita,

o anfitrião pediu

pra ficar de pé no chão,

obedeci,

entrei.


Era a Mesquita Omíada,

dei dois passos,

me impressionei,

era um lindo e enorme local,

todo decorado,

todo atapetado,

eram muitos os fiéis,

devotados,

sentados,

ajoelhados,

debruçados.

Deslumbrei,

também orei,

me emocionei.

Me refiz,

conhecer mais quis,

ansiei tudo registrar,

até retratar,

retratei.

Um homem

com gentileza me abordou,

disse-me para ficar a vontade,

e conhecer aquele templo,

de paz e bondade.

Agradeci,

segui,

logo vi

um monumento

de mármore acabado,

sendo muito reverenciado,

pretendi saber o que representava,

porém,

acanhado para perguntar estava,

de coragem me vesti,

e indaguei a outro turista,

oh, qual foi minha surpresa,

era o túmulo de João Batista.

Ah, naquela hora chorei,

diante de Deus me prostrei,

agradeci por estar ali.

Daquele instante adiante

então,

me tornei um Cristão

que reconhece,

o valor da oração do irmão,

independente de religião.

Nasceu em mim

a forte convicção,

de que a fé mais fervorosa

decorre do respeito

à diversidade religiosa.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

CONFISSÃO


- Padre, o que me traz aqui, é o desespero.

Sabe padre, por mais que eu tenha esmero, tudo na 

minha vida torna-se um destempero.

Peco com tanta freqüência, que até penso, não haver

penitência capaz de me resgatar.

Não sou mal de coração, mas sou fraco na emoção.

Padre estou desconsolado,

meu emocional abalado,

meu ego extirpado,

me sinto abandonado,

derrotado,

tão emocionado padre, que comecei a chorar.

Sabe padre não sou digno de obter a salvação.

- Cristão, não chore. Apenas ore.

Deus não se agrada com o pecado,

com a concupiscência,

com a falta de fé,

porém, bondoso Ele é,

dono da clemência,

e por Ele poderá ser perdoado.

Certamente recebeu sua sincera confissão,

que soou como arrependimento,

foi puro no sentimento,

creio que merecerá a remissão.

Um alerta, porém, eu lhe faço,

corrija seu viver,

não basta confessar ao errar.

Deus poderá sempre lhe conceder o perdão,

mas você só será realmente feliz,

quando puder afirmar,

com convicção,

errei, mas não quis,

acertei e não tripudiei,

fui amado e amei,

fiz o bem até a quem não conheci,

vivi e cri.

Vá, Cristão, viva, creia,

 procure não mais pecar,

seu compromisso de obediência  será sua penitência.

- Obrigado padre, saio aliviado,

agora fui ensinado,

tentarei não mais errar,

e quando sucumbir,

tentarei corrigir ou compensar,

agora sei, que meu Deus,

que é Maravilhoso para anistiar,

prefere ao invés de perdoar,

minha conduta exaltar,

na minha salvação,

voltei a acreditar.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

MISSIONÁRIO



Bandeira do bem empunhada,

postura aprumada,

palavras bem colocadas,

humildade nas vitórias alcançadas,

temperança nas derrocadas,

difundindo a paz e a fé,

sem perguntar quem é.

Lá vai o missionário,

sectário do humanitário,

com toda pureza de seu imaginário.

Lá vai o missionário,

com a nobre missão,

melhorar o mundo com profusão.

Lá vai o missionário,

o revolucionário,

lá vai.


domingo, 12 de fevereiro de 2012

DOR E POESIA


Se a dor invade,

de verdade,

nosso sentimento,

um momento

torna-se eternidade.

Várias formas há de abrandar,

divagar,

cantar,

disfarçar.

Mas a melhor terapia

ainda é a poesia.

Escrever o que vem à mente,

expressar aquilo que sente.

A poesia, uma vez pronta,

trará alegria,

e se for declamada,

a dor, então, será extirpada.

Poeta,

escreva,

se cure,

anseie que sua obra perdure.

Poeta,

de sua própria sorte,

é o profeta.


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

EMOTIVIDADE


Presente tanto na alegria como na tristeza,

defeito ou qualidade,

reveladora de traços da personalidade,

eis a emotividade,

 perigosa sensibilidade.

Benéfica, ao promover a afabilidade,

o apego,

 a bondade,

a generosidade,

e até mesmo,

a valorização da saudade.

Maléfica ao deflagrar a instabilidade,

o excesso de zelo,

a ansiedade,

a agressividade,

a possessão,

a perda da exata noção,

o ciúme sem razão.

Seja emotivo,

observe a racionalidade,

nada de utopia,

sustente-se na realidade.