sábado, 9 de junho de 2012

A FACEIRA ATRASADA


De inopino chegou-me novamente a faceira,

aquela mesma cuja foto sorridente

até outro dia tive na cabeceira,

e que só o fato de admira-la,

me deixava contente.

Chegou, e ainda esbanjando beleza, anunciou:

- Vim cumprir uma promessa que te fiz,

a de te fazer feliz !

E me vendo pasmo, completou:

- Não é uma brincadeira,

ombrear-te quero para seguirmos a carreira.

Respondi-lhe assim:

- Faceira, da promessa eu também não esqueci,

por ela chorei, gemi,

num pranto silencioso sofri,

e meu sofrimento,

que na verdade foi um tormento,

me fez rude e descrente

de qualquer promessa feita por gente,

tua presença hoje aqui,

me traz surpresa, mas não retira

a decepção que se instalou em mim.

Faceira, quando tu prometes algo,

que faz o sentimento do outro se sentir fidalgo,

não podes demorar a cumprir.

Faceira veja só, nem tua beleza

abala minha rudeza.

Faceira, siga tua estrada,

te agradeço por me procurar ,

mas a magia da tua promessa

foi pelo tempo vergastada,

é uma pena faceira, é uma pena...

E a faceira, abaixando a cabeça partiu,

sem olhar para trás,

para não ver mais,

o incrédulo que ela mesmo construiu,

por uma promessa que até cumpriu,

porém, numa hora já passada,

muito, muito atrasada.

E acho que ela mesma isso admitiu,

pois rápida e desabalada seguiu,

quem sabe cumprir alguma outra,

que o tempo ainda não ruiu.


2 comentários:

  1. PARABENS Luciano, por mais este poema, lindo demais...Bauce

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  2. Profundo:))mabrouk brimo mais uma vez..



    abraços..

    kadija

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